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"Memórias Episódicas"
Galeria A7MA
Curadoria Mônica Martins

Vila Madalena/SP

2018

 

A memória nos define. Juntamos os fragmentos de nossa existência e criamos narrativas capazes de permitir um encontro com nós mesmos. Quando o artista William Mophos traz o conceito de memória episódica para sua obra, ele estabelece esse encontro entre existência e cidade mediado pelo espectador, que se reconhece e consequentemente acessa essas memórias específicas, episódicas. A cidade é o suporte para a memória, literalmente: as pinturas são feitas em objetos/superfícies encontrados nas ruas pelo artista. Um pedaço de azulejo, uma placa de poste, restos de madeira ou concreto criam possibilidades de associação que são desenroladas e trabalhadas.
As brincadeiras de rua da infância se fazem presentes, trazendo-nos para as nossas próprias vizinhanças, fazendo-nos lembrar dos riscos de giz no asfalto desenhando as casas da amarelinha, os risos, os pulos, os gritos dos amigos que hoje talvez não recordemos nem mais os nomes.
Essas memórias ecoam pelos quatro cantos da cidade, fragmentadas nos habitantes que sobrevivem ao dia-a-dia corrido e que às vezes deixam de lado a mágica e o brilho do que passou para encarar uma realidade cada vez mais opressiva. Mesmo assim, os elementos presentes nas delicadas e sutis pinceladas em preto e branco não nos deixam esquecer os pequenos prazeres e os elementos singelos: um cachorro pedindo carinho, o gato no canto sendo cúmplice preguiçoso das tardes de brincadeiras, o lanche entre uma partida de futebol e outra.
O artista funciona como um coletor de memórias, propondo um diálogo entre experiências individuais e a presença forte e definidora da cidade. Um episódio na lembrança de cada um é único, mas William cria uma rede de afetos propícia ao compartilhamento.


Lucas Tolotti, Mônica Martins.

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